domingo, 9 de novembro de 2014

Marina Tsvetáieva, para quem não conhece

Descobrir a escrita de Marina Tsvetáieva (1892-1941) foi uma das surpresas literárias mais importantes de minha vida. Todo o trágico que emana de sua escrita tocou-me intensamente. Ler Marina foi uma rica experiência de vida. Sua leitura me fortaleceu, me ensinou a viver de um modo mais completo. Conheci-a pela obra de Tzvetan Todorov - "Vivendo sob o Fogo" (Martins Editora Livraria Ltda, São Paulo, 2008). 

De Marina: 

"Entre o sexo e o cérebro, situados nas extremidades de nós mesmos, há o centro, a alma, onde tudo se cruza, se une e se funde e de onde tudo sai transfigurado e transfigurador."

"...não há mundo pequeno: o que há são olhos pequenos..."

"Escrevo para compreender - é tudo que posso dizer sobre meu ofício."

"O que importa para o poeta não é descobrir o lugar mais distante, remoto. Mas o mais verdadeiro". 

"Todos os meus "não quero" foram espirituais; não tive "não quero"  físicos - certamente por meu corpo ser extremamente democrático, ele se acostumou antes de mim... " 

"Minha única alegria é a poesia. Escrevo como se bebe - não vinho, mas água. E nessa hora sou feliz, segura de mim. "

"Oh, meu Deus! Como explicar que poeta - é antes de tudo uma ESTRUTURA DE ALMA!" 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Aborto: descriminalizar é preciso!

Não nos deixemos silenciar pela campanha indigna que confunde a justa defesa da descriminalização do aborto com o incentivo à prática do aborto. Mesmo nos tempos áureos do movimento feminista do qual participei, jamais insuflamos a prática do aborto. Sempre defendemos (e continuarei a defender) o direito das mulheres sobre seu destino, seu corpo, sua saúde física, psicológica e mental - um direito fundamental sobre a vida e sobre as vidas que à mulher é dado a gerar. Este direito, evidentemente, pressupõe o exercício da maternidade responsável ao qual se chega pela orientação quanto ao uso dos métodos contraceptivos, ou seja, o acesso à educação, à informação e aos serviços de saúde. Como sempre dissemos, a gravidez não pode ser vista como uma fatalidade biológica. Gerar filhos pressupõe imensa responsabilidade. Entretanto, engravidar não é só um ato de razão. Há situações em que a gravidez se instala no corpo da mulher, sem que para isso a sua responsabilidade pessoal tenha tido espaço para se exercer. Exemplo dramático é a gravidez fruto do estupro, situação para a qual a lei já admite o aborto. Porém, mesmo nos casos em que a lei já admite a prática, nem sempre o atendimento na rede pública é de livre acesso às mulheres. Recentemente, o governo revogou a Portaria Ministerial que regulamentava a lei que estabelece o atendimento às mulheres na rede pública de saúde em casos de aborto. Atendeu-se à pressão das igrejas, pois se avizinhava o período de campanha eleitoral... Lamentável! 

Até quando o Estado se manterá omisso quanto ao direito à saúde integral, à educação sobre concepção, contracepção e aborto, tocante a todas as mulheres? Até quando o Estado cederá à pressão das igrejas, como se a saúde das mulheres não fosse uma questão de Estado? É preciso tirar o aborto do rol dos crimes e cabe ao Congresso Nacional decidir sobre isto. Basta isso: tirar do rol dos crimes, o que está provado em experiências em outros países, não equivale a incentivo à tal prática. Mulher alguma busca o aborto por razões frívolas. E nós, mulheres conscientes, devemos lutar para que jamais se adote o aborto como método contraceptivo. Que as pessoas, independentemente de suas crenças, reflitam sobre a responsabilidade de ser mãe e sobre os incontáveis danos à vida e à saúde das mulheres em razão do aborto clandestino.  

Não devo me silenciar...

Nem acredito que vai completando um ano sem que eu faça uma nova postagem!!! Sim, 2014 me foi um ano difícil. Mas sempre é tempo de voltar a escrever e aqui ativar minha consciência feminista, para tratar dos temas que envolvem as mulheres, seus direitos, suas alegrias, suas angústias... 

As notícias de jornal não são nada animadoras. Não há um dia que não se possa tecer considerações sobre algum fato lesivo à cidadania das mulheres.   Minha intenção com a criação deste blog foi exatamente a de analisar o que acontece na sociedade a partir dos fatos dos quais tomamos conhecimento pelos jornais, TV e mídia em geral, analisando-os sob a ótica dos conceitos de "direitos das mulheres" e "respeito à cidadania das mulheres". 

Assim, proponho-me a voltar a escrever com habitualidade e assunto não vai faltar, de modo a poder levar às minhas leitoras e leitores opiniões fundamentadas sobre o variado repertório de temas relacionados com a vida das mulheres. Aceito sugestões e incentivo o debate através dos comentários que serão sempre bem-vindos. Até breve!